quinta-feira, março 30, 2006

le son du silence... faire la sourde oreille!


ENJOY THE SILENCE

Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can’t you understand
Oh my little girl

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

Enjoy the silence



rainbow? rain, blow!


ROMANCE
You know what they say about romance
You know what they say about romance
Ever changing love that you can't
Keep on side a parking keel
Better the thought than the feeling
It's plain to see
All the things we suffer
From the hands of humanity
But that ain't me
That ain't me
But that ain't me
That ain't me
And I know there's a god inside it
Should I love your key
Adorn you
And get inside
But that ain't me
That ain't me
But that ain't me
That ain't me
And I know I may come to doubt it
But if I ever wishI wish we could all believe
That in this daylight world
Is a world
Where love can be
And I won't ever forget it
Cuz that ain't me
That ain't me
Cuz that ain't me
Well that ain't me
here
***
nada nos chega sem a velha e boa interpretação. com efeito, os portadores do déficit cognitivo seguem imaculados, incólumes a lucidez perigosa. mas também quedam-se sempre na soleira de todas as portas. não entram nem saem.
ontem, inventei uma festa com bexiga e brigadeiro. não tinha isso mas tinha mais. meu pai que fez a festa. não tinha isso, tinha bem menos... pouco importa! o que eu quis é o que foi e é o que é.
então, meu céu aberto é devassado por trovões. tempestuoso. num só dia, ele abriga todas as cores já vistas e as não vistas também. porque eu vejo. e, nesse mesmo dia, aviões vão rasgá-lo e desenhar corações nele e ela vai estar em todos os aviões que, por sua vez, vão levá-la... eu, por conseguinte, aqui, escrevendo, fingindo que ignoro o destino que dei para o céu...

sábado, março 25, 2006

Ar-rafyq qabla at-taryq*


* "o companheiro antes da viagem", provérbio árabe.


"Além disso, eu tinha desaprendido completamente a sua linguagem, a linguagem que também tive antes, e, embora com algum esforço conseguisse talvez recuperá-la, não valia a pena, era tão mentirosa, tão cheia de equívocos, cada palavra querendo dizer várias coisas em várias outras dimensões. Eu agora já não conseguia permanecer apenas numa dimensão, como eles, cada palavra se alargava e invadia tantos e tantos reinos que, para não me perder, preferia ficar calado, atento apenas ao borbulhar de borboletas dentro do meu cérebro. Quando foram embora, depois de preencherem uma porção de papéis , olhei para um deles daquele mesmo jeito que André me olhara. E disse-lhe:

- Só se pode encher um vaso até a borda. Nem uma gota a mais."

(excerto de Uma história de borboletas, de Caio Fernando Abreu)

"Êxtase estupefaciente é o momento em que o sádico atinge o zênite da afetividade. Ou o nadir do sentimento? O apogeu, o perigeu, os vértices invertidos da paixão. Que tal? O sadismo é uma perversão micro-política"

(excerto de A grande arte, de Rubem Fonseca)


Atenta demais ao borbulhar de toda a sorte de insetos para escrever... esperando o inferno astral passar... observando os meus frêmitos... sorrindo ao percebê-los na outra... enchendo meu vaso até não mais poder! Elocubrar é inútil, devo advertir...

quinta-feira, março 23, 2006

Pandemia do distúrbio do déficit de... hummmm... whatever!!!


THESE BOOTS ARE MADE FOR WALKIN'
You keep saying you've got something for me
something you call love, but confess.
You've been messin' where you shouldn't have been a messin'
and now someone else is gettin' all your best.

These boots are made for walking, and that's just what
they'll do
one of these days these boots are gonna walk all over you.

You keep lying, when you oughta be truthin'
and you keep losin' when you oughta not bet.
You keep samin' when you oughta be changin'.
Now what's right is right, but you ain't been right yet.

These boots are made for walking, and that's just what
they'll do
one of these days these boots are gonna walk all over you.

You keep playin' where you shouldn't be playin
and you keep thinkin' that you´ll never get burnt.
Ha! I just found me a brand new box of matches yeah
and what he know you ain't HAD time to learn.

Are you ready boots? Start walkin'!
Exorcismo... queimem os exús!!!!! C'mon, boots!!!!!! Lagosta fresca... huehuehuehuehuehue!!!!!

segunda-feira, março 20, 2006

Je suis trop bourée pour baiser!!!!

TOO DRUNK TO FUCK!!!! (Dead Kennedys)
trilha sonora do final de semana (huehuehuehuehue)

Went to a party
I danced all night
I drank sixteen beers
And I started up a fight

But now I am jaded
You're out of luck
I'm rolling down the stairs
Too drunk to fuck

Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
Too drunk, to fuck
I'm too drunk, too drunk, too drunk to fuck

I love your stories
I like your gun
Shooting out truck tires
Sounds like loads and loads of fun

But in my room
Wish you were dead
You ball like the baby
In Eraserhead

Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
I'm too drunk, too drunk, too drunk to fuck

Too drunk to fuck
Hmm
Too drunk to fuck
I'm too drunk, too drunk, too drunk to fuck

sexta-feira, março 17, 2006

TO BRING YOU MY LOVE


Cantada - para a menina de olhos amarelos
Ferreira Gullar

Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana

Olha,você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana
Para Aurélio, comover: mover muito, agitar, causar comoção ou abalo no ânimo de, emocionar, abalar, emocionar-se. Para mim, comover: mover com, deixar-se tatear pelo dedo do sentimento do outro, despertar, conceito físico de inércia. parado está, mas pode mover-se com o impacto do movimento de um outro corpo. Comover, dançar. Comover, olhar e ver. Comover, "os vértices invertidos da paixão". Comover, roubar um beijo. Ai, vê? Como comover, como me mover com você quando me comovo?

quinta-feira, março 16, 2006

Molambo com uma peça de pano pra se costurar mentira





Esse corpo de lama que tu vê
é apenas a imagem que sou
Este corpo de lama que tu vê
é apenas a imagem que é tu

Que o sol não segue os pensamentos
mas a chuva muda os sentimentos
Se o asfalto é meu amigo, eu caminho
como aquele grupo de caranguejos
ouvindo a música dos trovões

Este corpo de lama que tu vê
é apenas a imagem que sou
Este corpo de lama que tu vê
é apenas a imagem que é tu

Fiquei apenas pensando que seu corpo
parece com as minhas idéias
Fiquei apenas lembrando
que há muitas garotas sorrindo em ruas distantes
há muitos meninos correndo em mangues distantes

Esta chuva de longe que tu vê
é apenas a imagem que sou
Esse mangue de longe que tu vê
é apenas a imagem que é tu

Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente,
sem que sejam forjados para acontecer
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes lentamente
Deixai que as coisas que lhe circundam estejam sempre inertes
como móveis inofensivos para lhe servir quando for preciso
e nunca lhe causar danos,
sejam eles morais, físicos ou psicológicos

Corpo de Lama
, Nação Zumbi (pula aê, Recife!!!)

***

"Oh, não se pode evitar", disse o Gato, "todos são loucos por aqui. Eu sou louco, você é louca."
"Como você sabe que eu sou louca?", indagou Alice.
"Você deve ser", respondeu o Gato, "ou então não teria vindo aqui".

excerto de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.


***


O Ministério da Saúde adverte: cair em si pode causar traumatismo craniano, a depender do tamanho do abismo! aham. mas não façamos alarde. a maior parte das pessoas não têm um "si", são simulacros de qualquer coisa que poderia ser ótima, que poderia ser encantadora, que poderia ser única... se fossem! simulacros constituídos de "se". uma letra muda tudo. ai, o léxico. ai, o "si".

trautiei um blues, mas o samba me puxou pela mão e sussurrou no meu ventre, como que para evitar uma queda, que o samba mora em mim, que eu levasse ele para a passarela e não pusesse nome na fita amarela - Coutinho, Coutinho... e Larissa também! como não atender a isso? pergunte ao pó. pergunte à percussão. pergunte a todas aquelas pessoas clamando pelo mangue!carangueijos de andada. alguns deles simulacros, sim, mas ali, todos eram "si".

com efeito, algo revirou-me o estômago. não poderia assegurar se foi a droga que eu ingeri ou se foi a droga que me enfiaram goela abaixo. Love, the drug I'm needing, got to keep this feeling. pedi na farmácia mas não tinha no estoque. não servia eplocler? ô, fazer o quê! saí com aquela satisfação pela metade, um quê de indignação nela. como assim não tem? como assim se eu sinto? sempre! ai, Alice, está em você, estúpida! não se comercializa, não se forja. o que se pode esboçar no "se" é romance. your turn to play, darling! tudo bem que não tenha na farmácia o que busco, mas bem que podia ter envergadura moral, né? e saio da farmácia-supermercado com meu epocler e meu...hum...o quê mesmo? não lembro, mas não faz importância. posso garantir que não foi envergadura moral!

no final das contas, pra quê tanta frustração? para onde fui, não era preciso nem um nem outro. não obstante seja uma fundamentação fascista, manipular uma pessoa só é que é veleidade. uma multidão, era transe, era delírio, era eclipse oculto. então, me esgueirei por entre eles, comi terra, lambi luas, fui atravessada pelas vozes, currada pelo batuque. ninguém notou mas eu e a lua sabíamos. o orgasmo veio com o saber-me "si" e molhou as flores de vidro do "se". mas, no meu jardim de veleidades, elas não poderiam ser fecundas, nem que toda a minha intensidade escorra sobre elas até ficarem submersas. nada brota do "se".

domingo, março 12, 2006

Meu coração, uma Olivetti sem cabo!



Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar

E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou me esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer

Da privada eu vou dar com a minha cara
De panaca pintada no espelho
E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Down... down

Down em mim, Cazuza e João Donato



no trânsito astrológico que recebia em seu correio eletrônico, uma advertência. não saberia dizer ao certo qual fora. recebia aquilo toda semana. por vezes, motivação. por vezes, alarde. nunca deu muita importância. na verdade, não entendia quase nada daquilo.
uma, três, cinco carteiras de cigarro. uma música reverberando. um sorriso de canto de boca. o mesmo canto destinado ao cigarro. a única cortesia, a bebida. não fazia a linha bêbado-de-botequim mas ela lhe cairia muito bem. ah! lembrara: entendia um pouco de astrologia, sim. estava no inferno astral.
"I'm so tired of playing...". trilha sonora da vez. até entrar em catarse. aquela epifania conhecida. com efeito, sofrer para ela era amar demais. good morning, headache, what's new? masturbação só servia agora pra dormir - e olhe lá! surtia efeito ainda, mas o kenoma do final ganhava espaço no sonho. amor não é carta e não tem destinatário, por mais que se confira um rosto ou um nome a ele. lembrou-se de que nunca trazia selos consigo.
agora, amava as bichas que flertavam às três da manhã numa estação de transporte urbano. com efeito, amava ainda mais o pivete com um cigarro no canto da boca. apertaria contra o peito o travesti que tentava se desvencilhar da vigília policial! não agora exatamente. poderia soar estranho. aliás, era melhor guardar aquele livro na bolsa...
chegava em casa e não sabia mais para quê tinha comprado aquela cama king size. abrir a janela podia ser perigoso. se tentasse lavar pratos, ia atirá-los um a um. melhor, ouvir alguma coisa. "espelho, espelho meu, existe alguém mais louca do que eu?". queria topar com a Rô Rô em algum boteco, mas ela já deve ter quebrado a porra do espelho há muito tempo! Não há cabeça, Rô Rô, não há cabeça... eu ando tão down!

quarta-feira, março 08, 2006

Music is my hot hot sex



From all the drugs the one i like more is music
From all the junks the one i need more is music
From all the boys the one I take home is music
From all the ladies, the one I kiss is music

Music is my boyfriend
Music is my girlfriend
Music is my dead end
Music's my imaginary friend
Music is my brother
Music is my great grand daughter
Music is my sister
Music is my favorite mistress

From all the shit the one I gotta buy is music
From all the jobs the one I choose is music
From all the drinks I get drunk of music
From all the bitches the one I wanna be is music

Music is my beach house
Music is my hometown
Music is my king size bed
Music's where I meet my friends
Music is my hot hot bath
Music is my hot hot sex
Music is my backrub
My music is where I'd like you to touch(...)

trecho de Music is my hot, hot sex, do Cansei de Ser Sexy


não consigo escrever... só esgaravato com os dedos o que insiste em ser recôndito conquanto povoe cada vértice de mim! nada melhor que música pra isso...

quarta-feira, março 01, 2006

"Já namorei uma ariana. Já fui casada com uma leonina!!"


"Twenty-nine pearls in your kiss
A singing smile
Coffee smell and lilac skin
Your flame in me
(...)
Such a thing of wonder in this crowd
I’m a stranger in this town
You’re free with me
And our eyes locked in downcast love
I sit here proud
Even now you’re undressed in your dreams with me
Oh, I’m only here for this moment"
trecho de Everybody here wants you, de Jeff Buckley
poderia ser um conto de Caio F. mas não é. poderia ser um joguete do destino e, muito provavelmente, é. mas bem que podia ser um conto de Caio, né? algo como Aqueles dois, talvez... a maravilha nascendo da beleza do encontro de duas amarguras: paralelas, dissociadas entre si em tempo, espaço, nome... pensar nas diversas possibilidades que nunca até então se concretizaram, vazadas como um útero que se prepara para a fecundação e que se frustra... que chora e ri sangue, num misto de alívio e decepção, ao ser privado de acalentar o novo!
"não era para ser" é uma ótima resposta mas que não satisfaz. simplista demais. se não sabemos aonde vai dar, para quê compilar mais questionamentos igualmente estéreis, afinal? se o pôr-do-sol passou e continuávamos lá?! se o amanhecer chegou e continuávamos lá?! regurgitando sobre imaturidades, fracassos, irresponsabilidades. brincando de casinha. tentando entender, recuando diante de tanta coincidência. concluindo que era coincidência demais, que era rápido demais, que era perfeito demais, que era mágico demais.
elocubrações intercaladas por espasmos, frêmitos, disritmias. e então, silêncio. ensurdecedor. como se um transe acabasse de povoar nossas mentes e sentidos, e estivéssemos tentando reconhecer o real no meio da lisergia. Coca-cola, chocolate branco, gato, música, filme... você gostou mais do amanhecer ou do pôr-do-sol? pôr-do-sol, sem titubear! mas o amanhecer também tem seu valor. silêncio. quero ouvir música. à vontade. Everybody here wants you! I'm only here for this moment... ela sabe.
faço questão de que saiba. consideramos os riscos. de novo. e sabemos que não será a última vez. constrangimento. "que tanta cerimônia se a dona já não tem vergonha do seu coração"? Everybody here wants you acabou para dar vez a Purple Rain. olho e ela ainda está ali e parece que sempre esteve... eu sigo cantando Purple Rain como forma de corroborar, de selar um pacto com ela. anote aí, mais uma cláusula. não sei porquê, mas as cláusulas me soam desnecessárias. para quê regulamentar normas? afinal, I'm only here for this moment!
eu sei. ela sabe. Iara e Olga também. se não ficar muito claro para quem vier a ler, não se preocupe. de tão translúcido, ofusca. pigmentação específica do nosso cartoon-conto-música-filme. e o melhor final será sempre a vida sonhada dos anjos, havendo outro amanhecer ou não, outro anoitecer ou não. eu sei que estarei na estação, mesmo tendo medo!