quinta-feira, junho 08, 2006

plangência dirimida*

*à memória de C.F.A, a quem devo parte do saber-me assim

segunda lei de newton

vou gravar numa fita k7
todo silêncio que a fita durar
vou cantar pra sarar
toda vergonha que o tempo
não vai poder remediar
vou valsar em prelúdio a dança
não aceita quando o dia
terminou sem perdoar
vou gastar saliva
falando o que já não tem mais pra falar
vou gritar o que você
já não suporta mais escutar


.todo corpo em repouso precisa de uma força para se movimentar .


poema da minha jujubinha!

*

Não podia acalentar-se dizendo: isto é apenas uma pausa, a vida depois virá como uma onda de sangue, lavando-me, umedecendo a madeira crestada. Não podia engarnar-se porque sabia que também estava vivendo e que aqueles momentos eram o auge de alguma coisa difícil, de uma experiência dolorosa que ela devia agradecer: quase como sentir o tempo fora de si mesma, abstraindo-se.
excerto de Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector

***

como se todo encômio residisse no aparente desleixo de acender um cigarro. como se o fogo-fátuo dele combinasse com o flamejar próprio das peculiaridades enfastiadas de si mesmas...

como se se aproximasse a cada instante da beira da loucura. já havia aquele balançar caricatural dos loucos de manicômio, a sensação de que algo estava para acontecer. não, algo já estava acontecendo. e ela, estando fora por estar demasiado dentro, não sabia o que era, mas sentia.

podia reconhecer os sinais no oscilar do tempo, nos olhares, na forma como se encolhia ao dormir. era irrefutável. estava ali, nos vértices do quarto, como os fantasmas deliquescidos dos filmes de terror japonês.

faltava pouco. talvez uma borboleta extraída da sua cabeça, talvez uma boneca de pano com nome estranho, talvez um balbuciar de palavras incognoscíveis... e, então, ela teria por fim uma definição, um diagnóstico de nome extenso que, seja qual for, tem sinônimo certo: louca varrida.

8 comentários:

Anônimo disse...

textinho contundente, hein???

alinemm disse...

meu bem, você já me viu escrever coisas que não fossem contundentes?! nhé! metida, não? rs...

Anônimo disse...

Nanine... conhecendo o poema de Ju e lendo teu texto, principalmente o último parágrafo, me absetenho de comentários... há muito sinto que não a poderia compreender, por mais que eu queira e por mais que eu me esforce. Parece inútil! Não sei se saberia eu (também sinônimo para louca, não sei se varrida), avaliar o que você escreveu aqui...

Saudade, moça. Amo-te sempre e tanto...

alinemm disse...

Lutrida, nem eu mesma sei, amor... mas "louca varrida" é uma designação que me cai muito bem não acha? rs... não se preocupe! bisou!

Anônimo disse...

queria te ver hoje. agora me bateu essa vontade quase incontrlável de te ver. talvez seja porque eu... sei lá... senti sua falta! o pior é saber que em tempos bem próximos será sempre assim!
beijo

Anônimo disse...

pelo menos o que resta é o que filtramos de melhor, ou pelo menos uma tentativa disto, sujos, poluídos, nicotinados (admito), mas filtros daquilo que nossos desejos projeteram como farto de realização.

Nossos corpos de impureza.

Unknown disse...

obrigado pela visita! conheci seu blog agora tb e realmente me interessou bastante a maneira q vc o conduz. posso linka-la? gostaria de repassar seu link. abraço!

Anônimo disse...

moça...........
lindao.
casa tão bem que eu
apaludiria de cima de uma
bela montanha o teu desfrute.
rs!

obrigado.
lindo.

beijos!