domingo, março 12, 2006

Meu coração, uma Olivetti sem cabo!



Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar

E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou me esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer

Da privada eu vou dar com a minha cara
De panaca pintada no espelho
E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados

Eu ando tão down
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Down... down

Down em mim, Cazuza e João Donato



no trânsito astrológico que recebia em seu correio eletrônico, uma advertência. não saberia dizer ao certo qual fora. recebia aquilo toda semana. por vezes, motivação. por vezes, alarde. nunca deu muita importância. na verdade, não entendia quase nada daquilo.
uma, três, cinco carteiras de cigarro. uma música reverberando. um sorriso de canto de boca. o mesmo canto destinado ao cigarro. a única cortesia, a bebida. não fazia a linha bêbado-de-botequim mas ela lhe cairia muito bem. ah! lembrara: entendia um pouco de astrologia, sim. estava no inferno astral.
"I'm so tired of playing...". trilha sonora da vez. até entrar em catarse. aquela epifania conhecida. com efeito, sofrer para ela era amar demais. good morning, headache, what's new? masturbação só servia agora pra dormir - e olhe lá! surtia efeito ainda, mas o kenoma do final ganhava espaço no sonho. amor não é carta e não tem destinatário, por mais que se confira um rosto ou um nome a ele. lembrou-se de que nunca trazia selos consigo.
agora, amava as bichas que flertavam às três da manhã numa estação de transporte urbano. com efeito, amava ainda mais o pivete com um cigarro no canto da boca. apertaria contra o peito o travesti que tentava se desvencilhar da vigília policial! não agora exatamente. poderia soar estranho. aliás, era melhor guardar aquele livro na bolsa...
chegava em casa e não sabia mais para quê tinha comprado aquela cama king size. abrir a janela podia ser perigoso. se tentasse lavar pratos, ia atirá-los um a um. melhor, ouvir alguma coisa. "espelho, espelho meu, existe alguém mais louca do que eu?". queria topar com a Rô Rô em algum boteco, mas ela já deve ter quebrado a porra do espelho há muito tempo! Não há cabeça, Rô Rô, não há cabeça... eu ando tão down!

2 comentários:

Anônimo disse...

Fala sério!!! Essa música anda a me traduzir a alma e nada tem servido pra mudar isso... :s Beijo, Nanine.

Anônimo disse...

a sensaçao que se da quando leu seus texto e que te conheço muito bem, mas ao mesmo tempo, nao sei que e vc...talvez pq eu me indetifique em vc e vice versa, por isso te desconheço, nao sei se vc capitou, mas nao importa, vc sente e isso que é importante, somos duaS ALMAS PERDIDAS...SRRSRS E VIVA Rô Rô e viva CAZUZA TB!